sábado, 2 de fevereiro de 2013

Psicologia Analítica ou Psicologia Junguiana

Carl Gustav Jung
Como o ser humano é composto de múltiplos aspectos, nuances e tendências, é impossível haver uma teoria que contemple toda a dimensão da natureza humana. Por este motivo, não falamos de uma Psicologia, mas de teorias psicológicas. Cada profissional segue a linha com a qual encontra maior identificação e afinidade.
Em termos gerais, existem escolas de psicologia que trabalham com os aspectos conscientes da psique, voltando-se para os padrões do comportamento e processos mentais. São as chamadas Psicologias Comportamentais e Cognitiva.
Em outra vertente, existem as Psicologias que consideram, além da consciência, a existência de processos inconscientes da mente que influenciam ou até mesmo ditam as atitudes, pensamentos e comportamentos que supúnhamos ser inteiramente conscientes. E, se existem processos inconscientes que governam nossas atitudes, não temos tanto controle quanto acreditávamos sobre nós mesmos. A não ser que nos submetamos a um processo de análise.
A terapia, desta forma, não se configura apenas como tratamento de distúrbios, mas principalmente como forma de autoconhecimento. Conhecendo melhor a si mesmo, tendemos a nos harmonizarmos melhor em primeira instância consigo próprio, e consequentemente com o ambiente e as pessoas com quem convivemos.
A Psicanálise de Freud foi a grande precursora a introduzir a ideia do inconsciente no estudo da Psicologia. Por meio da hipnose e posteriormente com a interpretação dos sonhos, Freud percebeu que havia determinantes inconscientes causadores das alterações emocionais. Definiu como a libido essa energia inconsciente e sua constituição seria de origem sexual. Na época, início do século XX, essa ideia causou grande alvoroço entre os teóricos da Psiquiatria e Psicologia, recebendo inúmeras críticas. Hoje, a Psicanálise, embora com a hipótese da base sexual da libido ainda válida, sofreu várias alterações com os novos teóricos, como Winnicott, se pautando fortemente na relação mãe-bebê para a constituição da estrutura do eu saudável, por exemplo.
C. G. Jung foi o principal discípulo de Freud, diferenciando-se dele principalmente por discordar da natureza da libido, não generalizando-a com a conotação sexual, mas considerando-a como uma energia vital, sendo a sexualidade apenas uma parte desta energia, e não a única.
Outra diferença entre Jung e Freud foi a ampliação da concepção do inconsciente. Depois de muitos estudos e pesquisas, comparando a natureza dos processos mentais de diferentes povos (Europa, América, África, Ásia), Jung percebeu que o chamado inconsciente não se constituía apenas de reservas das experiências infantis – o que distinguiu com o inconsciente pessoal – mas agrega também as experiências herdadas dos seres humanos como espécie. Nomeou a esta ampliação como o inconsciente coletivo.
O inconsciente coletivo é um reservatório de imagens latentes, chamadas de arquétipos ou imagens primordiais, que cada pessoa herda de seus ancestrais. A pessoa não se lembra das imagens de forma consciente, porém, herda uma predisposição para reagir ao mundo da forma que seus ancestrais faziam. No entanto, são as experiências individuais que nos permitem diferenciarmo-nos uns dos outros e constituir assim, um chamado Eu.
Jung também considerou com grande relevância as tendências espirituais próprias da espécie humana. Hoje, o estudo da espiritualidade tem ganho bastante força, principalmente no meio médico, por ser considerado um aspecto vital para o desenvolvimento e equilíbrio da psique. Jung fez o estudo das religiões comparadas, reconhecendo sua importância para o homem, voltando-se com respeito para a crença de cada paciente. Este é o causador de um dos principais equívocos pelo qual Jung é chamado ou conhecido como “místico”.
A teoria de Jung foi nomeada Psicologia Analítica. Neste breve relato, procurei apenas introduzir parte de seu conceito, sendo impossível contemplar toda a relevância de sua obra num único texto.

ALESSANDRA MUNHOZ LAZDAN
CRP 06/69627


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